sexta-feira, 4 de julho de 2014

 Eram 5 horas da manhã de um domingo. O sol estava lá longe na cidade de São Paulo. Eu havia levantado pra escrever um pouco naquela velha máquina que eu havia comprado num brechó qualquer que encontrei no interior. Sabia que ela seria útil na nossa nova casa.
 Eu estava vestida na sua camisa do Vanguart. Era a única coisa próxima a nós, na nossa cama. Nossas outras roupas haviam se perdido pela casa, quando começamos a nos amar. Talvez nem fosse  preciso descrever como foi. Basta saber que nossa última noite havia sido perfeita, e o seu cheiro ainda estava em mim.
  Precisei ir a janela, tomar um café e fumar um cigarro. Quase sempre você levantava antes e me preparava o nosso café. Mas confesso que havíamos exagerado noite passada, e você permanecia exausto. Dormindo. E eu podia te observar de longe, respirando perfeitamente. Sua barba brilhava quando o sol já havia chegado. E quando me virei de costas, no tormento da cidade sem coração, pude sentir seu corpo quente no meu.
  Ninguém poderia sonhar ou imaginar o que acontecia com meu corpo e com o meu coração quando você chegava próximo a mim. Posso jurar e contar a qualquer astro perdido por ai, que não havia e tampouco haveria sensação parecida. As suas mãos eram pequenos pontos de calmaria, que eu nunca encontrei em ninguém.
  Numa pequena caixa em combustão que eu me encontrava, só pude sentir a paz quando você chegou, e que jamais me deixariam confusa. E além disso, sua ideologia hippie faziam com que eu me sentisse num filme francês. - o que parece cômico e meio descabido.
  Nunca imaginei que um dia qualquer, minhas histórias de ficção se tornariam realidade. E que os domingos seriam regados a um homem tão incrível como sempre imaginei. Ideologias à parte, São Paulo acaba de explodir. Aquele cantor mesquinho errou ao dizer que nunca poderia existir  amor nessa cidade com grandes cafeteiras a cada esquina.  --------



Eis que num momento de concentração para finalizar essa história, você pediu pra que eu largasse a máquina de escrever, e voltasse a deitar com você.
                 ''Eu não posso, preciso terminar essa história, amor''. 
Seu peito parecia tão esplendoroso, seu cabelo tão macio e sua barba sempre tão reluzente, que preferi deixar essa história assim, sem final. 

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