Sobre a Helena

Ela gostava de cortar seus cabelos constantemente. 

    Helena era diferente. Gostava de sol, flores e as vezes gostava de vinho. Às vezes porque nem sempre ela ficava sóbria, nesses dias ela preferia chá de camomila feito pela avó. Um dia a avó se foi, mas o chá ficou. Helena preparava sozinha, mas sempre ficava com gosto de botas batidas. Ela não sabia o que isso significava, só sabia que tinha esse gosto. 

Helena vivia frustrada por tentar desenhar e não conseguir. Ela era mais das palavras. Mas se sentia envergonhada quando não sabia usar as vírgulas, sendo assim usava os pontos. Usava os pontos com muita frequência até. Exemplo disso foi quando decidiu dar ponto no cabelo. Cortou a franja vulgo Mallu Magalhães. Se sentiu leve. Leveza lembrava vinho. Helena tomou vinho e ficou bêbada. Nesse dia decidiu tomar chá. Aquele de camomila que tinha gosto de botas batidas. 

Deitou de meias na cama com pano de girassol. Rolou até que tomou conta de que era segunda feira. Ao contrario dos outros, Helena gostava das segundas. Elas tinham cheiro de café e monotomia. Não era monotonia. Era rotina mesmo. 

 Helena cansou de ser morena. Pintou o cabelo de laranja e ficou com franja castanha. Helena era diferente. Saiu assim. Colocou os pés no chão da rua. Passou um moço. E ele tinha cheiro de botas batidas. Daquele chá da avó. Seguiu o moço. 

Helena viu que o moço carregava consigo uma mochila – tinha a cor de seus sapatos. O moço foi correndo, correndo, correndo, e ela se sentiu perdida porque não sabia aonde o moço ia. Helena era curiosa. Gostava de correr atrás das sombras dos outros. Mas odiava quando corriam atrás da dela.

Helena pensou demais, viajou demais e o moço sumiu. Só o cheiro permaneceu. 

- História escrita por mim, por favor, não a copie. Isso é plágio. Grata. -