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  Sempre soube que os dias de chuva me lembrariam você mais que qualquer outro dia, principalmente os que houvesse sol. É que, você sabe, prometemos um ao outro tomar café no escuro nesses dias chuvosos, principalmente se fosse domingo. Eu vestiria suas camisas, que nem ficariam tão grandes em mim por você ser mais magro que eu. Meus cabelos seriam os de domingo mesmo, o coque desarrumado, que você insistia em dizer que estavam mais arrumados que o normal.
   Veja bem, é difícil desapegar de você mesmo que tantos meses já tenham se esvaído. Eu poderia simplesmente fechar os olhos e abandonar a memória que temos de nós dois. As de você indo embora no aeroporto são as mais claras em meu cérebro que só condiciona teu nome quando eu acordo.
   Insistir em algo que não tem volta é burrice, mas insistir em lembrar/pensar em algo que nunca teve chance pra planejar um futuro é ignorância.
    Eu queria poder apagar tudo na minha mente, como o meu filme favorito me propõe. Como você fez. Mas seria burrice apagar dois longos anos da minha vida que eu dediquei somente a você.
   Sempre sonho em ler todas as letras de música que escreveu com meu nome, exatamente aquelas que ignorei por estar cega e querer uma vida sem você. Mas veja bem, eu só estava perdida. E eu sei muito bem que isso não passa de uma desculpa barata pra não assumir o erro. O erro de ter deixado você ir embora.
  São meio dia de um domingo chuvoso, e eu só consigo imaginar você com seus ombros magros, tocando aquela velha guitarra que me enchia a paciência muitas vezes. Queria imaginar você ao meu lado, mas isso não ocorre a muito tempo. Exatamente há um ano quando pedi que você fosse embora. E agora, eu não consigo mais dizer nada.
   Eu não consigo pensar em nada.
   Eu só posso ouvir.
   Você deveria ouvir

'' Die knowing your life was my life's best part
If you must die
Remember your life''

- é fácil esconder todos os dias o que se passa na mente, porém, nunca no coração.